Recentemente, participei do programa de capacitação
StartSe Executive Program, onde tive acesso a aulas impactantes, que nos
provocaram a repensar os modelos de negócios atuais e a observar com atenção os
sinais que emergem de diversas frentes — política, economia, sociedade,
tecnologia, aspectos legais, comportamento dos consumidores e, sobretudo, dos
concorrentes.
Neste capítulo, abordarei especificamente o tema: O
Negócio Chamado Futebol.
Com base nos aprendizados adquiridos e na experiência
vivida durante a capacitação, elenquei os principais sinais que identifico como
fundamentais para a reflexão sobre o futebol como negócio. Este é um campo que
exige atenção redobrada, pois o principal objetivo é desenvolver uma visão
estratégica capaz de antecipar tendências e evitar etapas desnecessárias
no processo de transformação.
1 - Inteligência Artificial aplicada à gestão e performance
- Análise
preditiva para desempenho de atletas.
- Algoritmos
na tomada de decisões táticas e contratações.
- Automação
de scouting global.
2 - Sustentabilidade e pressão ambiental
- Clubes
pressionados por torcedores e patrocinadores a adotarem práticas
ecológicas (ex: estádios sustentáveis, redução de emissões).
- ESG
como fator decisivo para parcerias.
3 - Crescimento dos esportes virtuais e simulados
- Popularidade
de plataformas como FIFA e Football Manager.
- Surgimento
de clubes "digitais" com comunidades fortes, sem vínculo
geográfico.
4 - Tokenização e criptoativos
- Fan
tokens, NFTs, contratos inteligentes.
- Novas
formas de financiamento via blockchain, com risco regulatório associado.
5 - Plataformas descentralizadas e
microtransmissões
- Crescimento
de canais como Twitch, YouTube, TikTok com conteúdo exclusivo de futebol.
- Microtransações
por conteúdo específico (cobranças de falta, bastidores, dados ao vivo).
6 - Pressão por governança e compliance
- Crescimento
da fiscalização por parte de órgãos públicos e sociedade.
- Transparência
em contratos, direitos de imagem e gestão de recursos.
7 - Globalização dos clubes locais
- Clubes
de mercados emergentes sendo adquiridos por grupos internacionais.
- Formação
de clubes-marca voltados a públicos globais (como PSG, City e
Barcelona).
8 - Biotecnologia e medicina
esportiva de precisão
- Avanços
em genética e personalização de treinos/nutrição.
- Redução
de lesões e maior longevidade de atletas.
9 - Saturação de calendários e jogos
- Discussões
sobre saúde mental e física dos atletas.
- Necessidade
de reformulação de campeonatos e modelo de negócios.
10 - Envelhecimento e afastamento de torcedores
tradicionais
- Torcedores
mais velhos com hábitos diferentes dos da geração digital.
- Desafio
de manter os estádios cheios com perfis diversos de público.
No
Brasil, convivemos atualmente com três modelos distintos no futebol: os clubes
associativos, os clubes-empresa e o novo modelo de Sociedade Anônima do Futebol
(SAF).
Diante
dos diversos sinais de transformação especialmente os de curto prazo, cresce a
preocupação com o futuro dos clubes associativos, cujo modelo de gestão tem se
mostrado insustentável na realidade atual do esporte.
Apesar disso, o torcedor apaixonado,
cada vez mais exigente e envolvido, resiste a aceitar essa nova lógica de
mercado, o que cria um conflito entre tradição e modernidade na estrutura do
futebol nacional.
"Pelo
bem do futebol, é necessário e urgente que todos se unam na busca por soluções
que permitam aos clubes associativos acelerarem sua profissionalização e
garantirem sua própria sobrevivência."
Por Arley
Carlos Silva - Vice Presidente Administrativo do Mixto Esporte Clube